O poeta Zeca

— Zeca, o que você acha dos meus olhos?

— Dizer que são lindos é pouco... a palavra 'lindo' não parece ser suficiente para descrevê-los, Ju. Eu teria que compará-los à magnitude da natureza, pois são verdes puros e intensos como a cor de uma esmeralda recém-formada dentro de uma gruta... que quando os primeiros raios solares a atingem, torna-se vivaz e pinta a paisagem ao redor com um pouco dessa tonalidade... apesar de, das... apesar das bordas serem mais claras, convidativas a se mergulhar na imensidão do interior obscuro... e misterioso... apesar disso, ainda são expressivos, e lembram a matiz de campos verdejantes sob a luz do sol matinal... como aqueles das fotos que você me mostrou da viagem, sabe?... e é interessante como as nuances deles, dos teus olhos, mudam dependendo da iluminação, ou do teu estado de espírito... em geral eles são essa mistura de verde-escuro e verde-claro, transmitem essa, uma... uma profundidade natural... isso, como estão agora. Mas eu me lembro de uma vez que você chorou e eles ficaram super claros, como se toda a força que eles emanam tivesse se misturado com o branco dos olhos de uma forma que... não é 'esvair' a palavra... como se... como se fosse tinta guache, compreende?

— Caramba, Zeca... que imaginação fértil você tem, são só verdes — replicou Ju, aos risos, sem desviar a atenção do antigo game-boy que estava jogando.

— Nossa, você me broxa assim.

Ela riu.

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