Alone I Break

O dia estava lá. O sol tentava me consolar, mesmo eu tendo sido tão ingrata com ele durante tanto tempo. Dizia-lhe abertamente que eu não o desejava e virava-lhe as costas sem mais, nem menos. Dizia que, por mim, ele poderia explodir, ou simplesmente exilar-se, não faria falta - ledo engano, doce audácia. Apesar das blasfêmias, ele esteve ao meu lado quando eu mais precisei. O verde e as árvores me observavam em silêncio, dispostos a me ouvir. Em harmonia com o sol, tentavam me alegrar. Entretanto, por mais que se esforçassem, eu não conseguia. Não sentia-me em sintonia com eles. O celular parecia pesar exageradamente em minhas mãos. Pesava o dobro, o triplo. Disquei os números e apaguei-os em seguida. Respirei fundo. Era o começo de um longo e doloroso processo. Olhei ao redor em busca de uma fonte de força - ou intervenção. Encontrava-me sozinha, com o peso da decisão sobre mim. O verde me abraçava enquanto os raios solares me inquietavam. O vento tentava acalmar os ânimos envolvidos, e o céu, azul e mudo, apenas observava a situação à distância. Eu sentia um borbulhar terrível, ecoando dentro de mim, desejando implodir a cada instante. Olhava para a superfície do banco ao meu lado, à procura de algum controle. O banco estava manchado e indiferente, mas estava ali, me suportando. Os pensamentos, as lembranças e os sentimentos discutiam rigorosamente, alterados entre si. A decisão, por sua vez, ensurdeceu-se e aguardou o ato da sentença. Contendo a implosão na garganta, disquei o número novamente.

Ele atendeu, contente.

"Não venha hoje. E eu acho melhor não voltarmos.", parecia outra pessoa falando. A amargura das palavras agravou a implosão na garganta e a discrepância com a tarde.

Sem maiores explicações, senão conformações, desliguei.

Prossegui o caminho... enquanto morria por dentro.

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