Conhecimento: familiaridade VS objetividade

"Não importa o que seja: pergunte a si mesmo se você conhece algo e você terá sérias razões para começar a duvidar. Antes de tudo, cabe indagar: o que é conhecer?
Depende, é claro, do nosso grau de exigência. Com o avanço do conhecimento, alarga-se o desconhecido. Com o saber cresce a dúvida. Nenhum saber é final. Qualquer que seja o objeto do conhecimento – uma floresta ou uma indústria, um texto clássico ou um neurotransmissor -, uma coisa é certa: por mais que se conheça, sempre será possível conhecer mais.
E, como o que falta saber, por definição, ninguém sabe o que é, o desconhecido pode ter uma propriedade singular.
O novo conhecimento gerado pode alterar radicalmente o entendimento acerca da natureza do saber preexistente e do seu valor de verdade. O desconhecido é uma bomba-relógio tiquetaqueando e pronta para implodir (ou não) o edifício do saber estabelecido – uma ameaça pulsante em tudo o que se mantém em pé.
Certeza absoluta, portanto, não há. Afirmá-la seria negar que o desconhecido seja desconhecido. Para quem busca o conhecimento, e não, o ópio de crenças enraizadas no solo do acreditar, surpresas e anomalias são achados valiosos. A descoberta de um fato surpreendente leva à procura de novos fatos e suscita a formulação de hipóteses e teorias que possam elucidá-lo.
"

Auto-engano, de Eduardo Giannettti.

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