Confissão

Costumava ecoar por sobre o campo a voz grave e melodiosa do meu novo brinquedinho. Não acreditava mais que podia existir amor pra mim e ele tentava me convencer do contrário. Tinha vinte e poucos anos e era formoso. Ele era uma combinação perfeita das imperfeições de meus outros amores, uma reminiscência fixa dos meus dissabores.
Falava bonito, palavras de menino, embora no peito carregasse o ardor de um homem vivido. E eu fui me entregando devagar às mentiras que ele me contava. Dizia se importar, que nunca ia me abandonar e nós dois sabíamos que tudo fadava ao fracasso. O destino seria o mesmo e não importava quantos passos eram dados.
Eu o olhei profundamente e dei meu sorriso de menina, beijei-o avidamente e disse, arfante entre nossos beijos e mordidas, que queria que ele fosse embora e não voltasse mais. Eu não poderia me envolver, entenda, se sabia que ia magoá-lo, talvez de forma ainda mais cruel, no futuro.
Ele me olhou perturbado sem entender o motivo daquilo. Perguntou se eu estava brincando e eu disse que não estava. Ele saiu desolado, nunca mais me procurou.
Agora eu o encontrei na esquina, vestindo um terno caro, acompanhado de uma mocinha bem mais jovem que ele. Ele amadureceu e percebeu que não se pode acreditar em nada que é eterno, que temos que viver o presente. Ele só se deu bem por isso. Porque eu o magoei e ele se superou, como eu sabia que o faria.
Eu não o despedacei, só tornei-o mais interessante.

Comentários

  1. Você não o despedaçou, só tornou-o mais interessante?! :O
    Meniiiiiina, eu acho que você desiludiu o pobre menino e ele, desde então, vive com as mágoas não curadas causadas pelo que fizestes D:
    É o que me pareceu... [-hum]

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  2. O texto é fictício, amor xDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

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  3. HSUSHUHSUA Dressa bobinha!

    "Eu não o despedacei, só tornei-o mais interessante."

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