Carta #53

Eu tô olhando pra esse papel há 1 hora e não sei como te (d)escrever o tanto que a minha vida estava bagunçada antes de você aparecer e como você cuidadosamente arrumou tudo, do seu jeito, pra depois fazer um caos ainda maior. Porque a partir do momento que você arrumou tudo do seu jeito, tudo tem a sua cara, o seu cheiro e o seu gosto, então me diz como eu posso prosseguir com essa vida que você fez o favor de deixar com a sua cara, me lembrando a cada passo que eu dou da sua existência miserável nesse planeta? Eu já pensei em mil maneiras de te dizer como esse seu sorriso ainda me atinge. E não, cara, não é no meu coração. É no meu ego. Esse seu sorriso é uma afronta à todas as minhas noites mal dormidas por apenas querer ser de novo o motivo que você o exibia pelas ruas dessa cidade. A vida se tornou esse dilema entre ficar reclusa dentro de um quarto tentando não receber qualquer tipo de notícias suas e sair e ter certeza que no fundo de um bar qualquer eu vou te encontrar, mais bem resolvido impossível. Sem contar como é complicado escolher as palavras adequadas pra não dar uma dimensão imensamente maior de drama nessa história do que ela realmente tem. E antes que eu me esqueça, muito obrigada mesmo por ter destruído minha banda preferida aos meus ouvidos. Não consigo mais escutar uma música sequer sem lembrar de você e de todo o ano que passou especialmente embalado por essa trilha sonora sensacional. Tomara que um dia a gente, eu, consiga se cumprimentar sem o peso de 12 meses passados nas palavras secas, tomara que não passemos um dia de meros conhecidos e, quem sabe assim, começar do zero, "oi, tudo bom?".

 T.

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