Carta #25

Você acredita mesmo nesse meu discursinho furado de que eu estou “muito bem, obrigada”? Cara, claro que eu não tô bem, eu tô mal. Tô mal desde o dia que te falei que não dava mais para ficarmos juntos.
Eu me precipitei, você me precipitou. Eu não estava pronta, como a cada segundo que passa ainda não estou, pra te deixar ir. Não de verdade. Mesmo que, honestamente, você nunca tenha realmente “estado aqui” pra começo de conversa.
Aí te vejo de longe, no seu mundinho, que desde que saí tem se tornado um funil cada vez mais apertado, fazendo tudo de mais banal e tudo que eu mais adoro sabe-se lá porque. É o jeito que mexe no cabelo sempre que está agoniado ou envergonhado, o modo como seus olhos se fecham e sua boca se repuxa quando está indignado, o jeito que anda despretensioso, o jeito que sorri, o jeito que dançava quando estava apenas zoando ou quando gostava de verdade de uma música, a entonação de cada palavra e o modo como falava o meu nome…
Eu não sei explicar.
Era você. É você. Nos mínimos detalhes. E por mais que eu tente te odiar pelo resto da vida, no minuto seguinte te adoro de novo.
E enquanto eu não sei lidar com o modo como você me afeta, continuo com meu discursinho, só pra que você nunca suspeite ou perceba que, na verdade, é tudo uma mentira ensaiada. 

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