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Pro texto

Por um pouco mais de educação Por animais bem tratados Por um pouco mais de saúde Por um pouco mais de cuidados Por um pouco mais de tolerância Por um pouco mais de sabedoria Por um pouco mais de escuta Pra nos livrar da apatia Por um pouco mais de crítica Por menos extremismos Por uma política que não interfira na mídia E genuínos sorrisos Por um pouco mais de música, Cinema e um pouco mais de teatro Que de pão e circo Todo mundo já está farto Por mais amor ao país Por um pouco mais de carinho Por menos sangue derramado Pra se livrar do jeitinho Por respeito Pra deixar o rancor de lado Pra não andar na cueca O nosso dinheiro suado Pra não ficar retido nos bolsos De gente que não tá nem aí Que não precisa disso E da nossa cara põe-se a rir Ora vamos, vamos Que isso tudo é só pro texto Mas no fim das contas mesmo É que eu te testo Sabemos o que é certo Mas quantos vão fazer? O que falta é unidade Unidade é poder E não adianta protestar Cada um por um...

Meia-noite

Nós crescemos com essa ideia tola de que só o amor romântico pode nos suprir a necessidade de ser feliz. Vivemos tão preocupados em amar outra pessoa, que não lidamos com as nossas próprias fraquezas e nem percebemos em que pedaço paramos de nos mergulhar no outro e viramos esse apanhado de medos, incertezas, mágoas e inseguranças.  Eu tenho medo de ficar só, eu não sei se quero estar nessa posição em que há tanto rancor entre nós que não há mais espaço pra andar de mãos dadas e conversar. A vida vai, nós amadurecemos e seguimos caminhos cada vez mais distantes. Cada um preso nos seus afazeres e daqui a pouco se passaram vários anos e nós vamos nos olhar e pensar nas faltas mais do que nos acertos. Eu tenho medo de me arrepender e tenho medo de que você olhe pra mim e só veja arrependimento. Eu tenho medo de ter criado um mundo em cima de você e me transformado por você numa pessoa que eu não sou pra buscar sermos felizes. Tudo que eu preciso é que você me entenda, só dessa vez....

Como seria

Se eu pudesse, hoje mais do que nunca, eu te deitaria na minha cama e me encostaria no teu peito. Botaria uma música fofa no celular e botava um fone na sua orelha e o outro na minha. E nós ficaríamos quase suspensos, embalados no ritmo da música. Você não pensaria mais em revoltas, protestos, política e golpes de Estado. Eu deixaria pra lá a mania de me angustiar com decisões que eu não tomei ainda. E a gente ia ficar assim, deitados e abraçados, ouvindo alguma voz doce que agradasse a nós dois. E aí você acariciaria meu rosto e me diria o quanto eu sou linda. Eu te beijaria com meu jeito de te querer mais a cada instante e as coisas ficariam bem e o quarto ia se encher de balões, sabe? Pra mim o amor é um balão. É o sopro que enche o coração da gente até ele voar. E você, meu lobo mau, soprou até derrubar cada barreira que eu construí. E pronto, tava lá feito de cimento, uma casa com uma varanda cercando, as janelas de vidro dando pra rua. Dando prum futuro que a gente sempre soube ...

Vai Que Rola...

Esperar que ele diga que te ama e que diga que só você faz ele ficar sem palavras é amor ou só uma vontade ávida de ganhar?

Ao Doutor Estranho.

Senti falta do teu cheiro. Deus sabia o quanto eu sentia falta do teu cheiro e do teu sorriso malicioso. A semana se arrastava pra um vazio sem fim quando você não estava aqui se importando com o fato de que eu tinha comido apenas um miojo e um copo de nescau o dia todo. O travesseiro tinha a marca da tua cabeça e tudo que eu pensava era que eu precisava comprar um daqueles da Nasa mas era muito caro. Que eu queria ter dinheiro pra viajar pro mundo todo com você e aí eu deixaria o travesseiro da Nasa pra lá e faria do teu peito o lugar ideal pra reclinar minha cabeça toda noite.  Eu só queria me afastar do fantasma da tua ausência. Sentir teu perfume inebriava meus sentidos, me deixava entorpecida, torpe, burra, boba, como queira. Não consigo fazer sentido com você. Eu entro no teu carro e reclamo do modo como você dirige e te irrito de propósito só pra ver o tanto que eu mexo com você. Aí você cai na gragalhada, ou eu caí na gargalhada? Nem lembro. Eu sei que em um determinado ...

Aqui

É como chegar no topo da montanha e tentar respirar um ar de vitória, mas não há ar suficiente pra encher o pulmão, é como gritar com o que resta de fôlego e não ter resposta. Você tá sozinha, tá vendo? De que adiantou dar 2000 passos em direção à vitória se quando caía a noite, tu acampava sozinha? De que adianta tentar se acostumar com esse ar estranho e novo, se o peso do peito tá maior do que ele consegue aguentar? Ainda tá tudo aqui dentro, os suspiros, as palavras, os gestos, os tapas, os beijos e mais outras coisas censuradas que eu queria contigo, eu carrego elas num mochilão gigante enquanto eu tento olhar e andar pra frente, fingindo que tô ignorando seus passos, suas palavras que mesmo de longe me atingem, sua imagem que fica marcada em mim como uma cicatriz que eu não gosto de olhar. Tá tudo empilhado num arquivo intitulado: medo. Medo de você me rejeitar, me deixar na sarjeta sem nem um pingo de esperança, medo de você dizer que me ama, dizer que somos perfeitos um...
Sou escritora de mesa de bar. Não me importo com minha escrita, com meus palavrões, com meus detalhes, nem com o meu desconexo amontoado de ideias. Não me importo com nada desde que seja impreterivelmente real e cru. Trouxe meu corpo pra passear pelas frestas das pessoas que se apertam nesse alvoroço de alegria proposital misturada com sinceridade alcoolizada, enquanto dividimos nossa insanidade com a noite. É tudo muito devagar pra mim, meus passos, meu cotovelo que empurra, meus olhos piscando, minha mão que se livra de outras mãos ansiosas, e toda consciência que na verdade está tudo rápido demais. Mais ar. Mais ar pros pulmões, cansados de tantos sustos e tantas ‘ites’ da vida, da loira de lábios vermelhos. Que ironicamente iria agora fumar seu cigarro, só pra não deixar de ter que respirar lá fundo de vez em quando pra seguir com o dia. Sacudia o pequeno retângulo verde e friccionava freneticamente a parte metálica, como se assim ele fosse funcionar magicamente no meio daquela ...