Olá, de novo. (Ninguém muda)
Eu não sabia o porquê de estar ali depois de, sei lá, uns cem dias. E você, tão blaser e super discreto, exatamente como cem dias atrás, também nem perguntou. Ficamos ambos parados e quietos, pensando muito. Eu e meu punho cerrado e apoiado na bochecha, você futucando alguma coisa no cotovelo com a cara séria e entediada. Como numa cena de fluxo lento. Fazia muito tempo que a gente não se via depois que tudo deu errado. Convidei pra um cinema e você me pediu que entrasse. Tudo estava diferente fora as roupas sempre penduradas. Ficamos ali suspensos, sem saber que horas eram, se agora nossos dias separados haviam nos passado pra trás. É só paz de espírito. Ou duas pessoas sem habilidade de montar o quebra-cabeça de uma segunda (talvez terceira) chance. A gente foi assim, como dois espelhos, a personificação do côncavo e o convexo, refletindo um pra cada lado, só que com o encaixe perfeito. Só o amor sem terceirizações, feito de não mais que duas pessoas, pode ser tão redondo e circular ...