Cadarços coloridos
Ela não me parecia ser o tipo de garota com a qual eu me envolveria. Ela era aquela que sempre me enxergou mas que eu nunca via... Então a vida resolveu me pregar uma peça.
Conversando no corredor eu esbarrei com ela e seu cadernos voaram espalhando os papéis. Ajoelhei e reparei seus cadarços coloridos. Pedi desculpa de uma forma tão automática que nem vi as lágrimas em seu rosto e ela respondeu com uma voz baixinha e séria: "Obrigada, Álvaro".
Não entendi bem como ela sabia meu nome, mas dei de ombros e segui meu caminho.
Cheguei em casa e abri minha caixa de e-mails. Tinham um monte de cartinhas de uma tal de Flor de Lys. Abri e tinha lá escrito: "Pena que você não leu as folhas que caíram do meu caderno hoje". Decidi que no dia seguinte eu ia reparar mais nela por que tudo o que eu conseguia lembrar eram seus negros e curtos cabelos maiores na frente e curtinhos atrás. Ah! E seus cadarços coloridos, era tudo do qual eu conseguiria me lembrar.
A manhã surgiu preguiçosa entre as nuvens, levantei, tomei um banho, me arrumei, tomei meu café e fui pra escola. Ela chegou como sempre com os livros agarrados no peito e eu sorri pra ela no corredor rindo de seu jeitinho e notando que ela corava. Ela era bonita, ela era realmente muito bonita. Como eu nunca tinha notado aquela garota antes? Tentei conversar, mas ela ficava muito tímida e mal respondia. Então depois de três dias de conversas ela me entregou um de seus cadernos. Devorei-os. Ela era uma pessoa doce e eu realmente estava começando a gostar dela. Começando a gostar da menina invisível e dos seus sapatos com cadarço colorido.
Mas o destino foi cruel e naquela manhã que eu estava disposto a ficar com ela, ela não apareceu. Nem no dia seguinte, nem depois disso...
Fiquei chateado, chateado mesmo, de não ter perguntado o telefone dela, ou onde ela morava e o que fazia. Eu só sabia o nome dela, nem sobrenome eu sabia... Conversei com ela frivolidades, coisas de banda, de infância, de bichos e me senti estúpido. Estúpido por não tê-la visto antes. Comecei a me questionar se ela havia existido mesmo ou se era ilusão da minha mente... Depois de um mês desde o seu sumiço resolvi ir a secretaria e pedir informações sobre ela. Foi então que a moça da secretaria me respondeu:
"Uma pequenina e branquelinha dos cadarços coloridos?"
"Essa mesmo!" - repliquei.
"Ela sempre foi gentil mas tímida, foi horrível o que aconteceu, né?"
"O que aconteceu?"
"Os pais dela disseram que ela tinha que se mudar, ela disse que não queria por que achava que tinha encontrado o amor da vida dela e que ele finalmente tinha falado com ela. Aí disse que preferia ficar com a avó aqui"
"E aí?"
"Aí ela foi pra casa da avó, dormiu e não acordou mais"
Saí com aquilo na cabeça...
Ela dormiu e não acordou mais, a vida é assim.
E eu estava de luto pela minha garota invisível...
Mas desse dia em diante resolvi reparar em tudo o que me cerca e notei que a minha vida só faz diferença praqueles que me enxergam...No fundo somos todos invisíveis se ninguém reparar os detalhes, nossos cadarços coloridos, o que nos torna diferentes.
MOOOOOITO TRISTE. ;_;
ResponderExcluirCaralho, sério.
Quero chorar litros tomando sorvete, só não o fiz porque não tem sorvete. :(
sério. lindo.
sério.
sério.
que triste.
AI T-----T
ResponderExcluirEla era tão lindinha!! T-T
Coitado dele :////
Lindo, lindo.
Deus! Que triste!
ResponderExcluirMas adorei, principalmente o fim:
"a minha vida só faz diferença praqueles que me enxergam...No fundo somos todos invisíveis, se ninguém reparar os detalhes, nossos cadarços coloridos, o que nos torna diferentes."
Porque é verdade.